Vermelho pálido. Estrela sem brilho

Ficamos órfãos políticos. A expressão parece piegas. Acho que é mesmo. Talvez muitos que acreditaram no Partido dos Trabalhadores (PT) tenham sido tomados por esse sentimento de orfandade diante da teatralização protagonizada pelo Senado Federal na quarta-feira última, sob a direção do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
O senador Pedro Simon (RS) resumiu o conteúdo do espetáculo de arquivamento das representações contra Sarney. Lula abraçou, ao mesmo tempo,os ex-presidentes Fernando Collor de Mello e José Sarney, pivô da crise, ao exigir, pela voz de Berzoini, que a bancada petista votasse a favor do presidente do Congresso Nacional.
O gesto não é inédito. Lula abraçou Edson Lobão, Gedel Vieira. Já havia abraçado o baiano e já morto Antônio Carlos Magalhães. Vive abraçado a Romero Jucá... Nossa! A lista é muito grande e recheada de antigos adversários de Lula e sempre do povo.
Lula não esqueceu do povo. Os indicadores sociais são incontestáveis. Mas a que custo? Será que ele precisava ignorar a ética? Deixar de lado a dignidade? Vale a pena tornar-se igual aqueles que tanto mal fizeram a esse país, que o atacaram durante sua trajetória política e estão na raiz da maioria das mazelas socioeconômicas que multifacetaram o Brasil em perversas desigualdades ainda hoje existentes?
Será que Sarney vale a negação dos valores que nos levaram a supor que o PT era a diferença? Um Sarney vale mais do que uma Marina Silva ou um Flávio Arns?
No leque partidário, o PT se tornou um a mais entre os mesmos. O vermelho empalideceu e perdeu o brilho da estrela em meio as outra bandeiras.Que triste!

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