Exposição: Botero e a violência colombiana


O artista Francisco Botero, consagrado e reconhecido por desenhar esteriótipos da sensualidade, pintando gordinhas e gordinhos erotizados, revela, na Galeria Principal da Caixa Cultural Brasília, o outro lado de sua angústia criativa: a violência da história colombiana. A mostra Dores da Colômbia será aberta terça-feira (15) e poderá ser conhecida pelo público de 16 a 1º de maio, das 9h às 21h.
A exposição reúne diversas obras do pintor e escultor, que integram o acervo permanente do Museu Nacional da Colômbia. Os 36 desenhos, 25 óleos e seis aquarelas, realizados entre 1999 e 2004, registram um testemunho da violência que, há anos, assola o país. Visceral e dramático, o artista se transforma em repórter de seu tempo, para retratar a brutalidade movida por perseguições, torturas e assassinatos.

Nas obras satíricas de Fernando Botero, políticos, militares, religiosos, músicos e a realeza são retratados como figuras roliças, corpulentas e estáticas. Sem abandonar o estilo que o tornou famoso, nesta coleção o artista lança seu olhar sobre episódios como os atentados que afligiram a Colômbia nos anos 1980 e 1990. Ao contrário da maioria de suas obras, a série não revela o lado humorístico do pintor, mas o que ele chamou de “um testemunho da irracional história colombiana”.


Fernando Botero
Pintor e escultor colombiano, nascido em 1932, na cidade de Medellin. Suas obras destacam-se, sobretudo, por figuras rotundas. Aprendeu a técnica de afrescos e história da arte em Florença, Itália. No México, estudou os murais políticos de Rivera e Orozco, cuja influência é evidente em sua perspectiva política. Trabalhando a maior parte do ano em Paris, nas últimas três décadas atingiu reconhecimento internacional por suas pinturas, desenhos e esculturas, com exibições por todo mundo.
Publicou seus primeiros desenhos aos 16 anos, no jornal El Colombiano. Em 1948, estreou em exposições com artistas de sua região. Mudou-se para Bogotá em 1951, onde logo realizou as primeiras exibições individuais. Estudou na Espanha, antes de seguir para Itália, onde estudou os renascentistas. Hoje, suas obras são orçadas na casa dos milhões de dólares e tem mais de 50 exibições nas maiores cidades do mundo.

O autor sobre suas obras:
“Meu país tem duas faces. Colômbia é esse mundo amável que eu pinto sempre, mas também tem o rosto terrível da violência. Então, em algum momento, tenho que mostrar a outra face da Colômbia”.
 “Devo dizer que a sensação que experimentei, ao pintar esses quadros, não é o mesmo prazer que sinto pintando normalmente o mundo que eu pinto. É outro sentimento. O simples fato de propor, como um artista, encontrar uma imagem simbólica que reflete o grande drama da Colômbia, significa um estado mental que não é agradável, mas sim doloroso”.



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