Mais um projeto controverso


O Governo do Distrito Federal cogita em captar água do Lago Paranoá para o consumo humano. O DF padece, há muito, de um déficit hídrico. No planejamento inicial da construção da capital federal, a região norte do quadrilátero deveria ser preservada. Lá, estava a maioria dos mananciais. A proposta foi respeitada até que o DF foi tomado pelo ex-governador Joaquim Roriz, que, por 14 anos, tratou a capital da República como o quintal de suas fazendas em território goiano. As ocupações desordenadas foram a tônica da gestão Roriz, assegurando-lhe currais eleitorais, que o reelegeram sucessivamente para o comando de Brasília.

A mudança nas últimas eleições não imprimiu uma política diferenciada. As ocupações irregulares e danosas ao meio ambiente caminham em ritmo acelerado para a regularização.

Novos espaços de ocupação urbana estão sendo abertos, inclusive incidentes sobre os mananciais e áreas de recarga dos aquíferos. É o caso do futuro bairro Catetinho, que compromete severamente a Área de Proteção Ambiental Gama-Cabeça de Veado.

Os estudos de impacto ambiental para as grandes obras são controversos. As reações da sociedade e do Ministério Público contra uma ou outra intervenção urbana que afeta o patrimônio ambiental não implicam recuo do Executivo.

Os chamados termos de ajustamento de conduta acabam por favorecer o projeto do Executivo e a questão ambiental finda negligenciada.

Hoje, quando ganha espaço a ideia de captação de água do Lago Paranoá essa lógica agressiva ao meio ambiente se consolida. Os veículos de comunicação, dependentes financeiramente da publicidade governamental, são incapazes de promover uma ampla discussão para mobilizar a sociedade brasiliense frente às intervenções nocivas à qualidade de vida na capital federal.

Os gestores públicos têm visão curta e enxergam apenas os dividendos imediatos, sem levar em conta o conceito de sustentabilidade, de modo a garantir à atual e às futuras gerações (inclusive aos seus decendentes) adequadas condições de vida, que estão inexoravelmente associadas à preservação dos recursos ambientais e, sobretudo, à oferta de água.

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