Biocombustível e o cerrado

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou sexta-feira (16) o que chamou de o principal raio X do impacto climático do biocombustível no mundo. Em relação ao Brasil, a entidade mostrou-se preocupada com a expansão dos biocombustíveis no Cerrado, mas apontou que o etanol brasileiro, produzido com cana-de-açúcar, é o que pode gerar o maior benefício ambiental. A avaliação foi feita pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Segundo a ONU, 6 milhões de hectares de soja concorrem hoje com a produção de alimentos no Cerrado. Técnicos da organização calculam que o uso de terras para a soja no Brasil pode chegar a 100 milhões de hectares ― em 2005 eram 23 milhões ― para que o País se torne autossuficiente em diesel.
No mundo, os biocombustíveis usam 2% das terras aráveis, o que equivale a cerca de 36 milhões de hectares. Representam, porém, apenas 1,8% do combustível usado. Para que essa taxa chegue a 10% da frota mundial em 2030, a ONU estima que a área plantada para o etanol tenha que ser multiplicada por 20 e atinja 34% de toda a terra arável do planeta.
Segundo a ONU, o etanol brasileiro de cana é comprovadamente o que mais geraria redução de emissões de CO2 entre os produtos fabricados hoje no mundo. O Painel Internacional para a Administração Sustentável de Recursos da ONU apontou o seu uso pode reduzir de 70% a 100% as emissões geradas pela gasolina. O documento alerta, porém, que é preciso administrar de forma eficiente o uso da terra para que não haja efeitos negativos. Nesse caso, "poderia haver mais ― e não menos ― emissões de gás carbônico nas próximas décadas", alertou a ONU. O benefício do etanol depende da produção ― ele pode gerar tanto um corte de 60% nas emissões de CO2 como emitir 5% a mais do que a gasolina. A organização também apelou para que o Brasil administre a expansão do etanol, pois teme que a cana ganhe terreno em locais de produção de alimentos. Se isso ocorrer, há o risco de que os alimentos fiquem mais caros.

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