O fantasma da corte

Durval Barbosa
Durval Barbosa, policial civil, era delegado da 3ª DP (Cruzeiro) e, um belo dia, foi guindado para a presidência da Codeplan (Companhia de Desenvolvimento do Planalto) pelo então governador Joaquim Roriz. O órgão seria uma espécie de IPEA, responsável por estudos e pesquisas que dessem elementos à definição de políticas públicas pelo Governo do Distrito Federal. Mas nada disso aconteceu. Sob seu comando, a Codeplan virou um bunker da corrupção local. Segundo Durval, todos os esquemas nasceram nas administrações de Roriz. Ele, por sua vez, tornou-se uma figura temida. Há muito comentava-se na cidade que Durval tinha gravações comprometedoras da elite política e empresarial do DF. Para uns, tudo não passava de lenda.Não era, como ficou provado.
O primeiro escândalo veio com as compras e contratação de cabos eleitorais pelo Instituto Candango de Solidariedade (ICS), que somava milhões de reais. Comentava-se, à época, que o montante de recursos desviados dos cofres públicos tornava o mensalão petista brincadeira de criança. Uma força-tarefa de promotores chegou aos calcanhares de Durval e, da noite para o dia, ele virou secretário  para assuntos sindicais, o que lhe daria uma certa imunidade  e evitaria a sua prisão.
Apesar da blindagem, os processos contra o poderoso e temido Durval não cessaram. Ele sobreviveu ao governo Roriz, passou pela gestão de Maria Abadia e chegou ao governo José Roberto Arruda em situação confortável, como secretário de Relações Institucionais, um cargo criado do nada para coisa nenhuma. Supostamente imunizado, Durval continuava comandando um esquema de desvios de dinheiro público, por meio de contratos milionários com empresas de informática, construtoras e outras. Em troca, os empresários envolvidos devolviam parte do que levavam dos cofres públicos para os bolsos do grupo de Arruda. Parcela era destinada aos integrantes da base aliada na Câmara Legislativa e, assim, todas as vitórias do Executivo estavam garantidas. Ou seja, os projetos de interesse do governo eram aprovados sem dificuldades.
Por algum motivo, ainda não muito claro suspeita-se que Durval queria uma participação maior nos lucros , ele decidiu denunciar todo o esquema às autoridades policiais e ao Judiciário. Eis que eclode a Caixa de Pandora e a ilha de dinheiro fácil implode. Durval, antes um homem forte, tornou-se um fantasma. Tirou, e ainda hoje deve perturbar, o sono de muitos empresários e políticos do DF. Agora, depois de lançar Jaqueline no reino dos degredados, resta saber quem será o próximo.
As gravações de Durval fizeram ruir os protagonistas da política brasiliense. Embora tenha usufruído de todos os benefícios dos desvios e desmandos, hoje, ele tornou-se figura indispensável à assepcia do poder local. Falta muito para uma higienização completa, levando em conta que personagens do grupo de Roriz ainda têm privilégios e poder na estrutura de mando do DF.

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