Marido usou influência de Jaqueline Roriz para empregar familiares

Lilian Tahan
Renato Alves
Correio Braziliense, 17 de março de 2011

De açogueiro à
personalidade da
crônica policial

da política do DF
A influência de Manoel Neto no gabinete de Jaqueline Roriz durante o período em que ela era deputada distrital — 2006 a 2010 — pode ser medida em valores. Somou R$ 1,56 milhão em salários pagos à filha, a enteadas e a genros, como revelou com exclusividade o Correio em sua edição de ontem. Mas a autoridade do marido da hoje deputada federal não se limitava ao gabinete de sua companheira. Há mais 10 parentes diretos ou por afinidade de Manoel que, em função do trânsito político de Jaqueline, foram empregados na Câmara Legislativa ou em repartições do GDF.

Entre os representantes da árvore genealógica de Manoel que conseguiram emprego por indicação política há irmãos, tios, primos e sobrinhos. Um dos exemplos é Marcos Antônio Costa de Oliveira. Ele é irmão do marido de Jaqueline. Foi nomeado na Câmara Legislativa em 8 de janeiro de 2007 para um cargo CL 14, com salário de R$ 8.330,72. Mas não passou muito tempo na função por conta dos burburinhos de que seria denunciado por nepotismo. Para evitar o desgaste, acabou sendo remanejado, em 15 de abril de 2009, para uma vaga na Administração de Samambaia. Com remuneração bem mais modesta, de R$ 2.106,05, em pouco tempo desistiu da função.

Mesmo com o fim do governo de Joaquim Roriz, entre 2007 e 2010 a Administração de Samambaia continuou um reduto rorizista. Em troca de uma relação cordial com a gestão do então governador José Roberto Arruda, Jaqueline conseguiu manter ingerência na cidade considerada curral eleitoral do ex-governador. A então deputada distrital teve o poder não só de indicar o administrador, na época José Luiz Naves — que também foi flagrado recebendo dinheiro de Durval Barbosa em 2006 —, mas também o de interferir na contratação do corpo de servidores que atuavam no órgão durante o governo passado.

Cátia Lúcia Costa Oliveira também é irmã de Manoel Neto e teve, a exemplo de outras pessoas ligadas ao marido de Jaqueline Roriz, espaço no gabinete da parlamentar na Câmara Legislativa. Não por muito tempo. Foi nomeada para cargo CNE 1, com salário de R$ 10.867,50, em 6 de fevereiro de 2007, e exonerada uma semana depois, em 12 de fevereiro. A exoneração foi por motivo semelhante ao do irmão Marcos Antônio: receio de má repercussão em função da prática de nepotismo. A contratação de Cátia foi logo associada a Manoel Neto.

Dois empregos

Sobrinho de Manoel, Rodrigo Alves Ferraz trabalhou na Administração de Samambaia, época em que recebia salário de R$ 1.200,66. Depois, em 4 de fevereiro de 2009, foi transferido para o próprio gabinete da distrital, onde passou a ocupar cargo CL 1, com remuneração de R$ 2.329,31. Só foi exonerado em 8 de abril de 2010. No período, somou em salários e benefícios como auxílio-alimentação um total de R$ 77,4 mil. Outros dois primos de Manoel, Leandro Adir Gomes e Wesley Martins Moura, também foram contratados por influência de Manoel Neto na Administração de Samambaia. Leandro ganhava R$ 1.200.66 e Wesley, R$ 1.519,71.

Reportagem publicada ontem mostrou que o marido de Jaqueline conseguiu nomear no gabinete de Jaqueline uma filha, três enteadas e dois genros que, de 2006 a 2010, somaram — entre salários e benefícios — o montante de R$ 1,5 milhão. O Correio tentou contato com Manoel Neto, mas não conseguiu localizá-lo.

Além das filhas, enteadas e genros, Manoel Neto empregou ao menos 10 parentes na administração pública do Distrito Federal durante o mandato de deputada distrital da mulher, Jaqueline Roriz

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