Vida: valor negligenciado


Superlotação no pronto-socorro do Hospital de Base
de Brasília, o maior e mais importante da capital federal
A crise na rede pública de saúde no Distrito Federal parece que é resultado de geração espontânea. De repente, sumiram os médicos, os equipamentos e medicamentos, e os espaços foram reduzidos, a ponto de não caber a clientela que demanda por atendimento. Mas, na verdade, esse processo foi gestado ao longo dos governos Joaquim Roriz e chegou à fase terminal na vergonhosa gestão de José Roberto Arruda.
O impressionante é que não há punição para os gestores dos recursos públicos. Quantas pessoas não morreram pela irresponsabilidade desses administradores? Essas mortes ficam na conta do acaso ou da fatalidade, quando qualquer indivíduo medianamente inteligente sabe que as alegações são falsas.
O atual governo petista chega ao comando do Distrito Federal e devolve à saúde mais de R$ 300 milhões que estavam aplicados no Banco de Brasília, quando deveriam ser gastos com a compra de medicamentos, equipamentos e melhoria das instalações hospitalares. Mas não foi isso que ocorreu. Os pacientes são jogados de um lado para outro. Recorrem ao Ministério Público para conseguir um tratamento adequado. Os familiares choram a perda de seus entes queridos. Pior: o BRB vai à imprensa vangloriar-se dos lucros auferidos pela mudança da sua política de gestão. A quem pretende enganar, quando não há punição aos que fizeram a espúria aplicação dos recursos da saúde para mascarar a "saúde" financeira do banco?
Nada, absolutamente nada, acontece que os ex-governantes e administradores do setor saúde do Distrito Federal. A capital federal tornou-se o reino da impunidade. A ninguém é imputada a responsabilidade pelas perdas de vidas, pelas mutilações e incapacidades provocada pela negligência das autoridades de saúde, motivada pela corrupção daqueles que se apoderaram do governo local, com falsas promessas, mas de olho gordo nas finanças da capital da República.
Não passa de falácia o argumento de que os equipamentos de saúde são pressionados pelas populações dos municípios da região do Entorno, um verdadeiro cinturão de miséria ao redor da capital da República. Há uma demanda interna expressiva que é tratada com descaso pelas autoridades.
A independência dos poderes, importante para a democracia, vale de escudo à omissão das autoridades. Os mandatários federais e o Poder Judiciário tomam conhecimento da realidade local, fartamente divulgada pelos meios de comunicação, e não fazem nada em defesa da parcela mais sofrida da população brasiliense.
Até quando a vida será um valor negligenciado na capital do Brasil?

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