Subserviência

O governo do Distrito Federal se revela incapaz de solucionar a crise do transporte público da capital federal, que ganhou dimensões absurdas, seja pela resistência dos trabalhadores, seja pela intransigência histórica dos empresários. A via que o governo vem apontando como alternativa é a mais fácil: autorizar o aumento das tarifas, que é uma das mais caras do país. Mais uma vez, o governo se mostra submisso aos interesses do empresariado. Há décadas, os donos das empresas mantêm o Executivo distrital sob rédeas curtas. O governo não tem coragem de abrir o mercado para novas empresas. E a razão é simples: os donos de empresas são grandes contribuintes das campanhas eleitorais. E quem vai se insurgir contra uma fonte de financiamento de seus interesses particulares?
A greve deflagrada há cerca de uma semana reforça a suspeita em torno dos rodoviários: é a única categoria que faz movimento para beneficiar o patronato.
Em contrapartida, o usuário do transporte público - quase 1 milhão de pessoas - tem um serviço de péssima qualidade, arcaico e caro. Os empresários são atrasados. Em circulação estão ônibus velhos, inseguros e desconfortáveis. Faltam à frota os mecanismos para atender os portadores de necessidades especiais. Os donos das empresas revelam-se descomprometidos com as necessidades da sociedade. O objetivo é o lucro. Os trabalhadores, por sua vez, são agressivos e tratam mal os usuários.
Mas há uma estranha coincidência no movimento dos rodoviários, que compromete o direito de ir e vir da população: ele ocorre logo depois da suspensão dos repasses à Empresa Fácil, que, como o próprio nome diz, foi criada para auferir lucro fácil bancado com os recursos públicos. Vivemos em uma capital do desmando e que ganha espaço no cenário nacional como a da corrupção também. Que vergonha!
                                                                                                                                 Zulmira Quinte

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