Bolsonaro apoia manifestação dos bizarros contra a democracia

Mateus Bonomi/agif - agência de fotografia/estadão _31/5/2020 - Na Esplanada dos Ministério, Bolsonaro aprova manifestação contra a democracia

Bizarro! Talvez não seja a palavra mais apropriada para definir o comportamento do presidente Jair Messias Bolsonaro, no momento em que mais de meio milhão de brasileiros estão infectados pelo novo coronavírus e mais de 30 mil sucumbiram à covid-19. Diante de tamanha calamidade epidemiológica, o presidente passeia de cavalo entre uma multidão de antinacionalistas e antidemocráticos, reforçando o apelo pelo fechamento dos poderes Legislativo e Judiciário. Faltaram o rebenque (chicote) e farda militar para encarnar o general Newton Cruz, nos idos de 1984, quando os brasileiros clamavam pelas eleições diretas. 

O desrespeito à imprensa é a mesma. Bolsonaro como Newton Cruz chicoteia os profissionais e os veículos de comunicação todos os dias. Cruz, literalmente, espancou vários, montado num cavalo contra as manifestações na Esplanada dos Ministérios. Bolsonaro faz uma narrativa de humilhação e desprezo pelos meios de comunicação.

Naquela época, no comando do país, o general João Figueiredo, último mandatário da ditadura militar tentava sufocar o desejo popular por eleições diretas, depois de 30 anos de torturas e mortes dos que se insurgiram contra o regime. Uma das maiores manifestações ficou conhecida como “badernaço”. Era a população na rua pela aprovação da emenda do deputado Dante de Oliveira, chamada de lei “de um artigo só”, que enterrava a eleição indireta (pelo Congresso Nacional) do presidente da República.

Hoje, o que se vê é o presidente apoiando manifestações antidemocráticas, promovidas por um bando de supremacistas brancos, terraplanistas, misóginos, homofóbicos. Em resumo, uma manada desenfreada de aloprados, que deseja o pior futuro para país: a queda dos pilares da democracia, a mordaça na imprensa e a ressurreição do totalitarismo nas mãos do clã Bolsonaro, um imperador louco. 

Um imperador sem nenhum projeto de nação, cujo trabalho é voltado, única e exclusivamente,  à eliminação de quaisquer instituições que possam alcançar os desmandos dos seus filhos e amigos — todos suspeitos de graves infrações penais. Essa é a única e a maior preocupação do presidente, não o Brasil. A pandemia desnudou a tragédia social em que o país está mergulhado. A fome e a miséria, tragédias crônicas, se alastram como rastilho de pólvora, em velocidade igual ou superior ao do vírus.

A morte de milhares de brasileiros tem pouca ou nenhuma importância para o atual inquilino do Palácio do Planalto. As manifestações não são apenas de apoio ao governo, mas manobra diversionista, que volta a atenção da sociedade para o essencial: a vida. Mas a vida é cada vez mais ameaçada, tanto pelo novo coronavírus, quando pela inexistência de políticas públicas que possam resguardá-la. Como diz o presidente: “E daí?”

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