São deuses os juízes

Zulmira Quinté

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro manteve a condenação da agente de trânsito que autuou um juiz por entender que o magistrado "não é Deus". O juiz conduzia um carro sem placa e não portava os documentos. Indignado com a agente, ele a processou e obteve direito a uma indenização de R$ 5 mil. Assim, é possível inferir, com base na decisão da Corte fluminense, que os homens togados do país têm dons divinos. Não é preciso percorrer um longo trecho da memória para buscar exemplos que corroboram a compreensão do TJRJ. Caso contrário, como explicar a quantidade de vilões, na avaliação popular,que estão em liberdade?. Nós, brasilienses, nem precisamos nos deslocar à Cidade Maravilhosa para responder à questão. Aqui, no DF, os exemplos são inúmeros. Entre celebridades do Legislativo, do Executivo e do universo empresarial, não faltam aquelas que foram pilhadas em escutas autorizadas e têm papel de destaque nos inquéritos policiais. Esses protagonistas de escândalos grandiosos estão soltos pelas ruas de Brasília. Fazem campanha eleitoral, opinam sobre o futuro do DF, negociam com o Estado, apesar de terem um card nada invejável de participação, com sucesso, em desvios de recursos públicos. Mas o dom da onisciência, próprio de deuses, como os que têm assento no Judiciário, está desligado para punir as intrigantes personagens da cena política, do mundo dos negócios brasiliense do DF e do país. Vale a máxima: “para quem tem dinheiro não há punição”. As exceções são raras e estarrecedoras.

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