Inconformismo para quê?


O resultado das eleições de 2014 foi a senha para que a sociedade deixasse sair do armário todo o preconceito e racismo, há muito, reprimidos. Negros, gordos, nordestinos, gays, pobres são o alvo do ódio da elite branca, principalmente a paulista. A reeleição de Dilma desatinou parcela expressiva da sociedade de São Paulo. A total perda de equilíbrio começou por um ex-presidente brasileiro neoliberal, que rotulou de ignorantes os que votaram na candidata petista. (Lamentável, para um sociólogo, do qual se esperava uma análise mais lógica e amparada em argumentos científicos.)

Os nordestinos foram agredidos nas redes sociais. Impingiram-lhes culpa pelo exercício democrático do voto. Reação própria do inconformismo com o rompimento dos cabrestos eleitorais impostos pelo falido sistema do coronelismo.

Hoje, um amigo querido colocou o dedo na incoerência paulista. Ele lembrou que os ricaços da maior unidade do Sudeste reelegeram o palhaço deputado Tirica, com quase um 1 milhão de votos, o segundo mais votado do estado, ficando atrás de Celso Russomano, candidato dos neopentecostais da Igreja Universal, que amealhou a confiança de 1,5 milhão de eleitores.

Tirica é um cearense, pouco letrado (ignorante, por assim dizer, pelo conceito do neoliberal, ou melhor, ele está livre dessa pecha porque, supostamente, não votou em Dilma), que fui guindado ao centro do poder pela capacidade de fazer rir aqueles que desprezam gente da mesma origem dele. Ele migrou para a maior metrópole brasileira para tentar a sorte, que, afinal de contas, o prestigiou com um sorriso largo e o levou ao mais alto fórum do debate popular, a Câmara Federal. Foram os paulistas, que odeiam os nordestinos, pobres e miseráveis, que colocaram Tiririca a elite.

Imagino o quanto essa elite se sente incomodada com a perda da exclusividade de poder colocar os filhos nas melhores universidades ou de mandá-los para o exterior a fim de aprimorarem o conhecimento acumulado. Como deve ficar indignada por ter a prole sentada ao lado de negros, operários, domésticos e nordestinos. A democracia é um exercício em todos os setores da sociedade. Para a minoria poderosa(?), isso é um ultraje. Mas é assim mesmo.

O Brasil está amadurecendo e segue firme em busca da equidade, pois a cidadania é um direito de todos e por todos deve ser praticada. As políticas sociais e econômicas fortalecem esse direito e caminham para tornar irreversíveis as conquistas alcançadas pelos brasileiros, antes, menos favorecidos, o que dará uma nova configuração ao perfil da nação brasileira. Não adianta ficar inconformado. Quem não é ignorante será um aliado dessa transformação, que tornará o nosso país desenvolvido e avançado, sobretudo, nas relações e nos direitos humanos.

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