Cobras criadas da ditadura

Guadalupe Sucupira

Os brasilienses já viram aberrações de todos os tipos patrocinados pela Câmara Legislativa. Mas, agora, os distritais extrapolaram, e muito, os limites do absurdo. Fiquei pasma quando li, nesta sexta-feira (14/11), a manchete do Correio Braziliense, que trata da mais recente decisão da Casa do Espanto.

Nenhum distrital poderá ser cassado, não importa o crime que tenha cometido, até que seja condenado em última instância do Judiciário. O eleitores e as organizações da sociedade civil estão impedidos de propor um processo por quebra de decoro contra qualquer um dos deputados, eleitos e sustentados pelos contribuintes.

Não basta serem protagonistas dos grandes escândalos do DF, pagos para lamber os pés dos chefes do Executivo, esses distritais viraram ditadores e cerceiam o direito do eleitor de contestar os atos e atitudes que praticam. Agora, criam normas para que possam desempenhar, sem constrangimento, o papel de filhotes da ditadura, ou melhor, de cobras criadas dos mais nefastos regimes de exceção.

Apesar de ser revoltante o que fizeram, não poderíamos esperar nada diferente. Desde que eclodiu a Caixa de Pandora, que os distritais envolvidos foram blindados pelos pares, que, de uma forma ou de outra, provavelmente se deram bem com os desvios do dinheiro dos trabalhadores. O Legislativo distrital é um ultraje à democracia, à transparência  e uma vergonha inominável, que empurra o DF para a mais profunda zona do obscurantismo político.

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