Vamos beber água do Paranoá

Há décadas, os países desenvolvidos e os organismos nacionais e internacionais voltam suas atenções para a oferta de água no planeta. A cada dia, as fontes são mais escassas. O Distrito Federal está no centro berço das águas, como é conhecido o cerrado. Em Planaltina, cidade ao noroeste do centro da capital, há um extraordinário fenômeno geográfico: um mesmo ponto verte água para duas grandes bacias hidrográficas em direção opostas: Tocantins e Paraná. O Córrego Vereda Grande deslizando suas águas cristalinas para o norte, encontra o Rio Maranhão que vai alimentar o caudaloso Rio Tocantins. Para o sul, o Córrego Brejinho engrossa o Córrego Fumal, deste para o Rio São Bartolomeu, depois Corumbá, desaguando no Paranaíba e formando então o Rio Paraná.
Mas no DF, esse fenômeno é desprezado. Prevalece o interesse dos grandes grupos empreendedores do mercado imobiliário. O governo age no sentido de favorecer os grupos econômicos. Desenvolve projetos voltados ao adensamento populacional em áreas de preservação e de mananciais, que comprometem a oferta de água e a qualidade de vida da atual e das futuras gerações.
O recente plano diretor de ordenamento territorial prevê a implantação do bairro Catetinho. As edificações vão incidir sobre uma área de mananciais e de recarga do Lago Paranoá, o maior espelho d´água artificial do planeta, criado com Brasília para reduzir o impacto da baixa umidade sobre a população nos meses de estiagem.
A escassez de água é tão grave que o governo fala em utilizar o Lago Paranoá como fonte para atender a demanda dos brasilienses. Ou seja, a cidade inchou além do permitido.
E aí não há como questionar as obras que são realizadas. A falta de planejamento para dimensionar a capacidade de crescimento da capital federal. E mais: cadê a Corumbá IV, a megaobra do ex-governador Joaquim Roriz, ávido para voltar ao Palácio do Buriti nas eleições de 2010. Na inauguração da hidrelétrica, ele afirmava que construção da hidrelétrica, no município goiano de Luziânia, sua terra natal e próxima a Brasília, era indispensável para garantir o abastecimento da capital por 100 anos e afastar da possibilidade de apagões. Nem uma coisa, nem outra deixaram de ocorrer. Apagãoes já aconteceram vários e agora estamos na iminência de falta de água.
Mas apesar dessa triste constatação, o desenvolvimento de Brasília continua atrelado à construção civil.
 

Comentários

Anônimo disse…
E sabe qual é o futuro do DF? Inchado, quando daqui a uns 10 anos o filão da construção civil aquietar o facho. Para onde irão todos os trabalhadores e susas famílias que vieram de vários Estados do Brasil para trabalhar no DF?
O Distrito Federal é o exemplo de lugar onde a "canetada" fala mais alto que o bom senso.
Afinal, será que os grandes grupos da construção civil estão preocupados com a falta d'agua no DF? Claro que não! Basta pagar uma propinazinha aqui, subornar um político corrupto ali e pronto! Tem-se um falso Plano Diretor de "Ordenhamento" Territorial prontinho e dane-se o cidadão!

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