A ordem natural das coisas

Por Waleska Barbosa,
Jornalista

A ordem natural das coisas.
A ordem.
As coisas.
Coisas intrigantes.
Virar tudo ao avesso e, por bem pouco, voilá, a ordem alterada das coisas.
De que vale uma jarra com água se ela cair, se espatifar e deixar escorrer toda a água em segundos? No que se transforma?
E o bolo que se quebra ao ser transportado?
E o azeite que escorre no chão?
A lâmpada estourada?
O fósforo molhado?
A navalha sem corte?
O lápis sem ponta?
O telefone mudo?
A energia em tempos de apagão?
“Se o passatempo não passar o tempo, vai passar o quê?”, pergunta o compositor mineiro.
E o corpo?
Vivo é movimento.
Estendido no chão é o camelô vendendo anel, cordão, perfume barato.
Tudo tão vertiginoso no mundo das coisas e das coisas em ordem.
“Coisas são só coisas. Servem só pra tropeçar”, afirma o compositor sertanejo.
“Alguma coisa está fora da ordem”, diz o compositor baiano.
E nos relacionamentos? Quando uma coisa vira outra coisa?
Quando uma coisa é justaposta, atropelada, apartada?
Quando uma coisa bonita é tomada pela coisa feia?
Quando o humano é dominado pelo mesquinho?
Quando o respeito vira pó e o nó é desatado?
Quando o lance, a coisa, que era tão boa se torna vã?
Quando deve ser o momento exato da coisa da covardia se transformar na coisa da coragem? Ou vice-versa.
Continuando nos relacionamentos... E quando as pessoas coisificam o amor?
É tempo que não se conta.
É rápido para a coisa ficar fora da ordem.
Tudo vira, muda, cai, voa, some, sopra.
E aí, como diz o ditado,
Uma coisa é uma coisa.
Outra coisa é outra coisa.
E, voilá,
Aqui está a ordem alterada das coisas.
Quando o que era amor vira coisa, o que é feito das pessoas?

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