8 de janeiro de 2023 | Frustrada intentona obscurantista

Não há o que comemorar um ano depois da frustrada intentona golpista contra a democracia. Mas é momento de valorizar as forças políticas e os Poderes da República. Elas resistiram, sem violência e sem armas, aos atos contra o regime vigente. Os desatinados, nutridos de ódio, não conseguiram ressuscitar o inominável modelo de governos do passado insensíveis aos clamores da sociedade e indiferentes aos direitos dos cidadãos. Governos que torturavam até a morte seus opositores, durante 21 anos de obscurantismo.

Os líderes golpistas estão em liberdade. Desfrutam de boa vida em paraísos do litoral brasileiro em belas mansões, onde festejam o legado de destroços sociais e econômicos deixado aos sucessores. É preciso impedir que a impunidade fortaleça os incivilizados que organizam grupos e os incitam às práticas criminosas de repetir atos semelhantes que atentam contra a vida da nação, contra democracia, um regime duramente conquistado há 35 anos.

A infame tentativa de golpe nos fez constatar que há uma enorme parcela da sociedade brasileira que vive no passado, no atraso e ama produzir atrocidades contra o povo brasileiros. É muito triste e inseguro viver em país, onde há uma massa estupida de adoradores da tortura e da morte.  Eles, sem qualquer humanidade, alimentam-se de valores irracionais e, assim se comportam e agem no cotidiano

O Brasil é um dos países mais privilegiados do planeta, pela sua topografia, clima, patrimônio, riquezas naturais, pluralidade étnica-racial, diversidade cultural, criatividade em todos os campos da arte, da ciência, da tecnologia... Mas essa potencialidade é desperdiçada e maltratada pelos que se opõem ao bem-estar social do seu povo. Quando não, é explorada para dar concretude a todas as expressões de desumanidade.

Isso resulta de acordos  espúrios e vergonhosos de uma minoria gananciosa, perversa, egoísta e sádica.  Uma minoria armamentista e sempre pronta a eliminar inocentes, a antecipar a finitude humana por meio das armas, a fim de fazer prevalecer seu instinto predador de políticas públicas voltadas à vida e ao bem-viver coletivo.

Uma parcela até então minoritária cresceu no país, para impedir grande parte da sociedade ter acesso à educação de qualidade, à saúde, ao alimento, à água potável e a todos os meios de viver com dignidade. Inibiram, tragicamente, o pleno desenvolvimento humano, socioeconômico, cultural e tecnológico. Os adeptos das ditaduras conquistaram seguidores com a divulgação de mentiras e construção ficcional de fatos inomináveis. Dividiram a sociedade,despertaram os instintos mais grotescos dos seres humanos (?) e  cooptaram mentes que levaram aos atos de 8 de janeiro de 2023. Apequenaram o Brasil.

Reconstruir o Brasil não é tarefa só do atual governo nem do próximo. É tarefa dos cidadãos. Exige uma formação política que tire as vendas dos olhos da sociedade, para que possa enxergar e ter discernimento em suas opções. Uma visão crítica para  escolhas corretas, evitando guindar aos poderes, principalmente ao Legislativo, os antidemocráticos Estes operam para aprofundar as desigualdades, as iniquidades e alargar as camadas de miseráveis e famintos. Privilegiam os poucos que muito têm, em detrimento da maioria vítima injustiças sociais, econômicas e fiscais, nas suas mais abrangentes concepções.

Democracia é regime de inclusão, respeito, diálogo nas divergências, construção de consensos em favor do bem coletivo, e desprovido de qualquer preconceito e de pleno respeito. Que o 8  de janeiro seja sempre lembrado como mais um dia histórico da vitória da democracia sobre os irracionais, de renovação do pacto social e político escrito na Constituição Cidadã, e criação uma barreira intransponível à insanidade dos déspotas de plantão.

[Artigo publicado Correio Braziliense, 8 de janeiro 2023]

Comentários

Postagens mais visitadas