Esporte é saúde. Será?

Estádio Nacional Mané Garrincha

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) começa, este mês, testar os indicadores de qualidade dos hospitais particulares brasileiros. O Distrito Federal está na lista das unidades da Federação que serão avaliadas. Mas como a verificação será apenas para os estabelecimentos privados, o governo local vai se livrar de mais uma constatação negativa da sua atuação. Quem passou o fim de ano na cidade e não se desligou do noticiário local viu que muito pouco ou quase nada ocorreu no campo da saúde pública. Pessoas esperam até oito horas em um pronto-socorro. Esse tempo aguardando um médico é a negação do próprio nome do serviço, que passa de "pronto-socorro" para "ainda-estamos-vendo-como-prestar-socorro".

Mas não podemos reclamar. Os megaeventos esportivos estão aí, e as obras do Estádio Nacional Mané Garrincha seguem a pleno vapor. Para os grandes momentos, que projetarão internacionalmente a cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, os sacrifícios são necessários. Então, que os altruístas torcedores brasilienses sejam os primeiros a serem imolados. Não podemos correr o risco de superlotação da grandiosa arena que receberá as copas das Confederações e do Mundo. No total, serão apenas oito jogos. Sem levar em conta detalhes, que não precisam ser revelados, o governo local está investindo cerca de R$ 1,3 bilhão no estádio, ou seja, cada jogo custará ao contribuinte a bagatela R$ 162,5 milhões. Será que com essa ninharia daria para melhorar a rede pública de saúde? (Isso é um daqueles detalhes que não precisam ser revelados, ou melhor, explicados).

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