Negros, as principais vítimas


Lígia Formenti
Brasília/AE

O assassinato de jovens negros é o principal responsável pelas altas taxas de homicídio apresentadas no país. Números estampados pelo Mapa da Violência mostram que os assassinatos entre essa população, sobretudo jovens, aumenta de forma explosiva – enquanto entre brancos já se constata uma pequena redução. “Não podemos dizer que as mortes são premeditadas, mas não há dúvida de que os números atuais têm características de extermínio”, afirma o autor do trabalho, Júlio Waiselfisz.
A pesquisa revela que para cada branco assassinado em 2008 morreram proporcionalmente mais de 2 negros na mesmas circunstâncias. “E a tendência é de esses níveis crescerem ainda mais”, alerta o pesquisador. A conclusão de Waiselfisz baseia-se no comportamento identificado nos últimos anos. Entre 2002 e 2008, a diferença entre números de morte entre brancos e negros cresceu 43%.
Números dos Estados refletem o abismo entre as populações. Um jovem negro na Paraíba, por exemplo, tem 12 vezes mais risco de morrer assassinado do que um branco. Em Alagoas, o percentual também é muito expressivo: risco 11 vezes maior. O Mapa da Violência também chama a atenção para o crescimento da mortalidade entre população jovem, dos 15 aos 24 anos. “Não há dúvida de que se trata de uma epidemia”.
O problema é mais agudo em Alagoas. Ali, a taxa de mortalidade juvenil foi de 125,3 mortes a cada 100 mil habitantes, em 2008. O segundo Estado com maior taxa de assassinato de jovens é o Espírito Santo, com 120 mortes por 100 mil. Mesmo os Estados que estão na outra ponta, com menores índices de morte entre jovens, a situação está longe de ser tranquila. Piauí, por exemplo, o que apresenta melhor colocação, tem taxa de 18,1, um número considerado alto para padrões internacionais.

Homens -De acordo com trabalho, a maior taxa de homicídio é observada aos 20 anos. A cada 100 mil habitantes, são assassinados 66,1 jovens nesta idade. Entre grupo de 15 a 19 anos, o índice é um pouco mais baixo, mas também extremamente preocupante: 44,5 mortes a cada 100 mil. Além de jovens, negros, a violência tem como vítima preferencial homens. No país, 92% das vítimas de homicídio estão no grupo masculino.
Entre as regiões, a maior diferença é constatada no Nordeste, onde apenas 6,5% das vítimas são mulheres. Entre jovens, o problema é ainda maior: entre população de 15 a 24 anos, 93,9% dos homicídios ocorrem entre homens. A disparidade entre os dois sexos é tamanha, afirma o autor, que já vem provocando um forte desequilíbrio demográfico na distribuição por sexos da população, principalmente a partir dos 20 anos de idade.

Fonte: http://www.gazetadigital.com.br

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