O Congresso expele ódio


Imagem: internet
É patente o desprezo do atual Congresso Nacional pela questão ambiental. Os parlamentares, em sua maioria, inclusive, os que se dizem aliados do governo petista, estão dispostos a rifar quaisquer biomas. A Amazônia, reguladora do clima no país e considerada indispensável na árdua batalha para conter o aquecimento global, está sendo negligenciada e alvo do ataque dos que, equivocadamente, vêm o petróleo (o ouro negro) como salvador da pátria. Ledo engano. 

As perdas decorrentes das intervenções antrópicas no meio ambiente comprometem a vida humana. Elas rompem, definitivamente, com o relacionameto harmonioso entre os humanos e o acervo natural da terra. Sabe-se, e não é de hoje, que as ações predatórias na Amazônia, no cerrado, na Mata Atlântica e em todos outros ecossistemas impactam as pessoas e a qualidade de vida, uma vez que repercutem no clima. Não faltam exemplos de fenômenos climáticos extremos que levam à morte os humanos e desequilibram a vida de todos os seres. 

Uma das maiores riquezas do Brasil é a diversidade do seus biomas. Eles guardam espécies únicas do planeta. A Amazônia tem importância global. Preservá-la é cuidado com a vida. As cenas de degradação, de crianças indígenas famélicas, as mortes por doenças e por violência contra o povo Yanomami estão tatuadas na memória da parcela sensível e esclarecida da sociedade brasileira. O cerrado, berço das águas, tem sido o alvo da vez. Nos últimos meses teve perdas de cobertura vegetal absurdas, uma irresponsabilidade inominável com as fontes hídricas abrigadas no cerrado, que alimentam pelo menos oito das 12 maiores bacias hidrográficas do país. 

As consequências são excluídas dos planos mirabolantes ante a ganância desmedida de exploração da natureza. Falta uma consciência crítica, que leve em conta as advertências dos fenômenos climáticos e da ciência. A lógica é financeira. Quanto essa ou aquela intervenção renderá ao próprio bolso e aos governos. É uma visão estreita e fatídica de fazer política, de planejar ações que impactam na sociedade. Os políticos sentem-se poderosos — com raríssimas exceções. Acham-se deuses, mas incapazes sem avaliar as consequências de decisões equivocadas e nocivas. Isso porque ocupam, eventualmente, um cargo com poder decisório. 

Movidos por interesses financeiros e políticos, ancorados na ambição desmedida,  a maioria os parlamentares não reflete sobre a repercussão dos seus atos na sociedade. São imediatistas. Aventureiros em busca de uma fortuna, como se o poder econômico fosse garantia de imortalidade. Os empoderados pela sociedade se comportam como inimigos ferrenhos dos que lhes guindaram ao poder.

Hoje, no Congresso Nacional assistimos a cenas ridículas e de descompromisso plenos em relação às reais demandas da sociedade, majoritariamente negra, miserável, desempregada e faminta. Os conflitos ideológicos tornaram-se munição para disparo de armas contra o povo. Movida por ressentimentos e ódio, a oposição não reflete sobre suas decisões e o quanto elas afetam a população. O intuito é promover o fracasso do governo ainda que isso signifique, na prática, imolar a vida de milhões de brasileiros. 

A maioria do povo vive mal, sem alimentação adequada, sem acesso à saúde, à educação, à segurança, em situação de miserabilidade. Uma parcela expressiva sequer tem acesso à água potável, falta saneamento básico. Em síntese: uma vida sem dignidade. 

Precisamos de construir uma nova realidade no Brasil. Isso não ocorrerá se continuarmos sendo indiferentes ao cotidiano nacional, se ficarmos calados. É preciso questionar e cobrar dos poderes da República atitudes que resultem em mudanças concretas. Nosso silêncio significa concordância com as ações que nos prejudicam, suprimem direitos e expandem as relações de ódio entre iguais. Nossos anseios por uma vida melhor têm de ser respeitados e não podem ser contidos por um parlamento de 594 homens e mulheres, que só desfrutam das benesses do cargo por meio do nosso voto. A prioridade deles tem de ser de uma vida melhor para todos, sobretudo o fim da miséria. O país merece ser civilizado e cordial.

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