Traição, lama e morte

Fonte: internetVidas se perdem pela indiferença dos poderes públicos

Inacreditável a maldade que domina os parlamentares do Centrão, capitaneados pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, um homem radicalmente contrário aos interesses do país. Li na Folha de S.Paulo, artigo Máquina de moer gente, da jornalista Cristina Serra, a quem muito admiro, de que ele está à frente de mais um desastre cruel e escandaloso — o primeiro foi o engavetamento de mais de 100 pedidos de impeachment contra Bolsonaro, indiscutivelmente, o mais incompetente presidente da República desde a redemocratização dopaís.

Lira articula com seus seguidores do mal a aprovação de projeto, de autoria da deputada mineira Greyce Elias (Avante), que torna a mineração atividade de utilidade pública, de interesse social e essencial à vida humana. Uma alteração grotesca e descabida do Código Nacional de Mineração que, se aprovada, subordinará a criação de áreas de preservação, as terras dos povos orignários e tradicionais e o patrimônio natural e a existência humana aos interesses dos grupos econômicos e predadores da vida. 

Quem não se lembra do que ocorreu em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais? Centenas de pessoas foram mortas com os rompimentos das barragens, as duas maiores tragédias ambientais e humanas deste século. 

A injusta Justiça brasileira, protetora e guardiã dos ricos, até hoje não aplicou as  devidas punições a Samarco e a Vale S/A, proprietária das duas barragens. As vítimas — pessoas pobres e invisíveis aos olhos dos magistrados e do poder público —  continuam na luta pela devida indenização. Mas, ao contrário das empresas,  elas não dispõem de dinheiro para contratar grandes escritórios de advocacia  para defendê-las e conquistar seus direitos.

Mariana e Brumadinho, pela magnitude da tragédia, são exemplos icônicos da falta de fiscalização e de desprezo pela vida humana e de quaisquer outros seres, que pautam a atividade mineradora no país. Mas, ainda assim, os deputados Arthu Lira e Grayce Elias querem tornar a atividade predatória "essencial à vida huma".

Qual vida humana? A deles e a de seus grupo? O dinheiro fala mais alto e preenche o poço sem fundo da ganância, alimenta a soberba e a indiferença daqueles que deveriam definir políticas públicas em favor da vida e do bem-estar da população brasileira. 

Não seria leviandade supor que Lira cumpre à risca os desejos do governo, que sinalizou  ter como meta a destruição das áreas de preservação ambiental, de entregar as terras indí legalização de garimpos e tantos outros ao patrimônio natural e à vida das populações originárias e tradicionais. Também não seria leviandade imaginar que a aprovação de um projeto renderá muito dinheiro para seus defensores, proponentes e aos que disserem "sim" à imensurável desgraça. Silenciosamente, a vida e toda a riqueza do Brasil escoa, como água, entre os dedos da nação.  Os eleitos pelo povo constroem um enredo macabro, permeado de traição, lama e morte. E seguem avante.

Tragédia de Mariana (MG)
ocorrida há seis anos. 19 mortos, 

Tragédia de Brumadinho (MG)
ocorrida há 2 anos. 300 mortos e vários corpos ainda desaparecidos soba lama

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