Precisão: Dia D, Hora H

No mundo, são quase 2 milhões de mortos.
Desse tota mais de 10% foram vítimas
do coronavírus no Brasil


A precisão do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o general da logística, ao definir o início da vacinação contra o novo coronavírus
no país foi quase impecável: "No dia D, na hora H". Faltou indicar o A (ano) que, possivelmente, começará a imunização, seguindo a lógica "D" (dia), H (hora). Seria cômico, não fosse a trágica a quantidade de brasileiros que perderam a vida: mais de 200 mil. 

Torna-se evidente que a componente
politicagem (P) envolve a lentdidão e as recorrentes cobranças da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por dados do Instituto Butantan, cujo trabalho é financiado pelo governo de São Paulo, sob o comando do, até agora, principal adversário do presidente que pretende ser reeleito no próximo ano. 

Como lembrou um leitor do Correio Braziliense, a Anvisa é tão célere na aprovação de agrotóxicos (venenos), rejeitados em outros países pelos danos que causam à saúde humana e aos ecossistemas, mas não imprime velocidade idêntica em relação à vacina. 

Há de se reconhecer que João Doria foi muito mais proativo. Foi o primeiro governador a buscar um laboratório para produzir a vacina, ainda em meio ao momento crítico da pandemia. Enquanto isso, o governo federal, manteve inerte, mas ágil antecipar o palanque eleitoral de 2022, na troca de ofensas com o governo paulista e levantando suspeita sobre o Instituto Butantan, que tem expertise  na produção de imunizantes. O governo Bolsonaro não teve competência sequer para comprar agulhas. Seria exigir muito supor que teria habilidade para fechar acordo com as farmacêuticas envolvidas na produão de vacinas. 

O plano federal, apresentado do Supremo Tribunal Federal, foi totalmente capenga e só mereceu críticas dos magistrados. Um vexame, que maculou a imagem do Ministério da Saúde, que tem um histórico respeitável de iniciativas em favor da saúde pública. O governo Bolsonaro faz um jogo político rasteiro e letal.

Bolsonaro acusa, falsamente, o STF de ter tirado do governo federal a responsabilidade pela gestão da pandemia e repassado aos estados e municípios. A Alta Corte respeitou a autonomia das unidades da Federação. Não fosse assim, o que teria feito o governo federal, que não consegue sequer um plano federal para enfrentar a doença.  

A militarização do Ministério da Saúde foi mais uma no portfólio de fiascos do governo federal, que, depois de dois anos, não disse ao que veio. Pelo contrário, o presidente se ocupou de criar conflitos, cortinas de fumaça para desviar a atenção dos brasileiros das tramoias dos filhos, suspeitos de envolvimento em casos graves de corrupção.


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