Truculência em vez de diálogo
Democracia
e educação não são para todas as nações. No Brasil, a Justiça
que convoca a sociedade para o enfrentamento da violência tem entre
seus quadros quem ainda apele para o mais sórdido e vil meio de
convencimento ou de rendição, a tortura. Usar o braço armado do
Estado para, por meio da violência, humilhar os jovens que ocuparam
escolas, pois discordam — e a democracia lhes garante esse direito
— da política governamental tanto no que se refere às medidas
restritivas impostas ao orçamento, bem como a proposta de reforma do
ensino médio, é retrocesso (se bem que esperado) inadmissível.
O
Estado é incapaz de dialogar com os jovens e com quaisquer outros
segmentos sociais. A truculência prevalece, como nos regimes de
exceção. Ah! Esqueci. Este é o regime da hora.
Os
homens de toga, os homens brancos, os homens velhos, os
homens-raposas da ditadura militar estão no poder. Não conseguiram
se adequar ao novo tempo. O cala boca não morreu. Está mais vivo do
que antes. Mas a juventude estão disposta a sufocá-lo. Resiste.
A
senhora democracia, gentil, sente-se aviltada nos seus princípios.
Busca oxigênio para recuperar as forças e tentar sobreviver em
território onde os maus ventos impregnaram o espaço de racismo,
homofobia, mosoginia, intolerância em todas as dimensões, sem
contar tantas outras atitudes que reduzem o ser humano.
A
truculência é bem típica de quem não sabe nem quer aprender a
dialogar. Não compreendeu a luta dos meninos e meninas que não
engolem mais a selvageria do Estado, que se comporta com o maior e
mais perigoso adversário da sociedade. Se o poder público soubesse
ouvir, ponderar e agir como ensina a senhora democracia, 191 mil não
seriam impedidos de fazer exames. Aliás, não haveria movimento de
ocupação de escolas, pois não faltaria escola de qualidade para
milhões de crianças e jovens.
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