A coragem de Dilma


O déspota Cunha acusa o Planalto de orquestrar denúncias contra ele, mas não nega as declarações de Júlio Camargo, ex-consultor da Toyo Setal, de que teria exigido US$ 5 milhões em propina. Ora, vamos e venhamos, por mais que Dilma não seja carismática, tenha errado (e feio) a mão na economia, há de se convir que a mulher tem tutano para carregar o pesado fardo de petistas e aliados. Se ela estivesse mesmo interferindo nas ações da Polícia Federal, não teria livrado a cara dos dos integrantes do próprio partido?

O senador Fernando Collor, expulso do cargo de presidente da República por excesso de probidade, também está revoltado com a apreensão dos carros de luxo na garagem da Casa da Dinda. Ícone da retidão, só conseguiu expressar contrariedade com a ação da Polícia Federal, mas não se defendeu das acusações de beneficiário dos desvios da Petrobras. Por que será? Ele ameaça, se for preso, levar mais pessoas. Ora, nas entrelinhas, reconhece que cometeu ilícito capaz cuja pena é privação da liberdade.

Até Lula, na alça de mira do Ministério Público, se insurgiu contra a presidente que, de mãe do PAC, virou madrasta do PT. O partido cobra que ela intervenha nas investigações para poupar correligionários corruptos (boa parte atrás das grades). Mas a presidente dá materialidade à Constituição: "todos são iguais perante a lei" (até petistas, Lula).

Dilma se mantém imóvel e, com isso, tem prestado relevante serviço ao processo de depuração da corja política deste país. Não mexeu uma palha para atrapalhar as apurações da Polícia Federal e, menos ainda, do MP. No passado, não muito distante, a banda tocava outro som.

O delegado da PF que se atrevesse a apurar corrupção no governo já teria sido deslocado para os quintos dos cunhas de plantão. O chefe do MP era escolhido com lupa para engavetar os imbróglios do Executivo.

O déspota Cunha não ousa acusá-la de participação na avassaladora onda de corrupção que destruiu boa parte da Petrobras. Digam o que quiser, mas Dilma tem a coragem que sempre faltou aos homens da República.Tem fibra. Ainda que a economia esteja cambaleante, ela tem dignidade para fazer prevalecer a lei apesar de todos os percalços que enfrenta no seu governo.

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