A perversa lógica ruralista e o Código Florestal

Às vésperas da Conferência Rio+20, que ocorrerá no país, o Congresso Nacional age subordinado aos interesses imediatistas e mesquinhos da bancada ruralista. Os parlamentares se esforçam para aprovar uma revisão do Código Florestal que ignora o entendimento da comunidade científica nacional e até internacional.

Como falar em segurança alimentar quando se despreza a segurança hídrica? Como debater avanços na economia, no bem-estar social se segurança ambiental é ignorada? Há pouco mais de uma semana o ex-ministro das Relações Exteriores Rubens Ricúpero, que desempenhou papel importante na Eco 92 fez uma advertência às autoridades mundiais que estarão na Rio+20 sobre a impossibilidade de avanços no social e na economia sem que haja a preservação do patrimônio ambiental.

Mas o retrógrado Congresso Nacional não ouve as advertências e se opõe à lógica. O avanço da agricultura depende de água que, por sua vez, depende de vegetação para brotar na terra. Desmatar na escala pretendida pelos ruralistas é eliminar as chances de haver segurança alimentar, hídrica, avanços sociais e econômicos. E, aí, pergunta-se: os ruralistas vão continuar desmatando e o que irão produzir se não houver água? Se houver estagnação econômica, diante da expansão da crise global que curvou a velha Europa e as imponentes nações, para onde irão as commodities dos mega-agricultores brasileiros?  A tecnologia está aí dando provas frequentes de que é possível elevar a produção sem que, para isso, seja necessário expandir a área plantada.

Diferentemente dos parlamentares, a natureza não está submetida à prepotência do coronelismo rural que, em pleno século 21, é flagrada escravizando trabalhadores rurais analfabetos. Se somente eles pagassem a conta, o dano seria insignificante. Mas toda a sociedade, a atual e as futura gerações, também pagarão a parcela mais pesada dessa conta, contraída pela ganância desmedida de uma elite congressual míope e que pouco ou nada se importa com o coletivo.