O que será o amanhã?

Câmara dos Deputados, 17 de abril: cenário do golpe urdido pelos corruptos, aliados do vice-presidente Michel Temer


Acordei de ressaca. O gosto de cabo de guarda-chuva ficou mais acentuado ao ao ler na edição de hoje (18/4) a chamada de capa do Correio Braziliense, o maior jornal da capital federal: "Desempenho de Cunha pode render até 'anistia'". Não há dúvida de que a farsa montada pelos traidores e golpistas, capitaneados por Michel Temer e Eduardo Cunha, objetivava, no mínimo, livrar Cunha da cassação pelo Conselho de Ética da Câmara e impor obstáculos ao avanço da Operação Lava-Jato. Aliás, a tramoia desde sempre teve o propósito de criar ambiente que levasse ao impedimento da presidente, que não moveu uma palha para impedir que as investigações prosperassem e levassem para a cadeia, inclusive, integrantes do PT. 

Agora, o togado tucano não terá mais motivos para autorizar o vazamento de conversas particulares; de colocar escutas no gabinete presidencial e recorrer a tantos outros artifícios com foco apenas nos petistas para inflar a opinião pública contra o governo petista. Estarão fora do alcance da lei os corruptos tucanos, do PP e de outras legendas mencionadas  ao longo das apurações da Lava-Jato que votaram a favor do processo de impeachment.  Hoje, o objetivo é impor retrocessos sociais, subjugar os mais pobres e recriar os currais eleitorais que, historicamente, asseguram às elites o domínio e a usurpação das riquezas produzidas pelos trabalhadores.


Quem é Temer no cenário político? Não passa de apêndice da estrutura fisiológica do PMDB, capacho de Cunha. Não tem densidade eleitoral para ser síndico de condomínio. Não teria a mais remota chance de chegar ao gabinete do terceiro andar do Palácio do Planalto a não ser pela via do sórdido golpe, urdido com Cunha, hoje na lista dos maiores criminosos do país. 


Sem a inteligência maléfica de Cunha como aliada, Temer não teria chance de nada. O que dá sustentação ao vice-presidente são os corruptos, ou — como bem disse um deputado contra o impeachment ao se referir a Eduardo Cunha — o enxofre. Qual será o veículo de comunicação do país que desvendará o quanto custou cada voto "sim" dado pelos vândalos do dinheiro público? Não existe. A mídia tradicional, que sempre pregou o estado mínimo e construiu impérios pendurada nos cofres públicos, foi  protagonista do golpe.


O processo chegará ao Senado — possivelmente ainda hoje — e lá Dilma será mais uma vez derrotada. O fisiologismo do PMDB, do DEM, dos tucanos e das demais legenda está lá. Não há diferença entre senadores e deputados golpistas. Todos estão habituados a se locupletarem dos assaltos ao poder público. Não há a menor possibilidade de Dilma se manter no poder.


Antes mesmo da votação de domingo (17/4), já havia tratativas sobre a ocupação de cargos na futura reforma ministerial. E não haverá surpresas se o governo da dupla Temer&Cunha acabar com as pastas sociais. Repetirão a máxima pronunciada pela maldita ex-ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello, do governo Collor, após confiscar (assaltar) a poupança e as contas bancárias dos cidadãos: "O povo é apenas um detalhe".


Resta saber se os 53 milhões de brasileiros que reelegeram Dilma ficarão passivos diante da usurpação golpista do poder da presidente. É hora de ir à luta.


Resta saber que os ressentidos de 2014 voltarão às praças para cobrar o fim da corrupção, o que implica punição exemplar dos que votaram "sim" ao impeachment — creio firmemente que esta hipótese é natimorta, pois quem votou sim tem (ou teria) explicações a dar à Justiça. E quem apoiou os golpista têm muito de Cunha dentro de si. Não fosse assim, o Congresso teria outra qualidade de gente.




Comentários

Equipe disse…
Brilhante. Mas ainda não considero causa perdida.

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